Detimar Eustáquio Vieira – Deti – é um conhecido ceramista que ultrapassou as barreiras do País. Há 19 anos é casado com Beatriz. Nascido em Belo Horizonte, há 58 anos, DET como é conhecido desde pequeno,trabalhava o barro, a madeira e a pedra-sabão.
“Na escola primária, não prestava à atenção em nada, ficava só desenhando tudo o que via”, relembra. “Mas isso não dava o sustento”, afirma. Assim, começou a trabalhar como engraxate, e mais tarde, ajudante de pedreiro. Aos 21 anos, porém, teve uma úlcera e precisou de operar com urgência. Depois disso, não poderia carregar peso nem trabalhar como pedreiro na construção civil.
Aos 21 anos nascia o ceramista que vendeu a primeira peça em sua casa para um cliente de fora “era um São Francisco de barro”, relembra. No Concurso de Presépios de Belo Horizonte obteve o 2º. lugar”acredito que o Pipiripau ganhou o primeiro lugar porque estava fazendo bodas de ouro”, admite.
Já perdeu a conta de quantas peças fez na vida. Mais de 500? Ah, muito, muito mais, afirma feliz. “Tem cinco peças que eu guardo. Não vendo nem dou. Estas eu guardo mesmo”, confessa. DET já vendeu obras para Glória Menezes, Tutti Maravilha, Senador Aécio Neves, Maria Amélia Dornelles, Maria Olívia, Elismar Campos, Andréia Neves, Maria do Carmo Arantes, Ildeu Koschy, Serjô, Elismar Campos, tantos famosos. Já realizou diversas exposições individuais e coletivas em Belo Horizonte e no exterior. “Fui convidado pra ir nos Estados Unidos e na Europa, mas só mandei as peças, eu tenho medo de viajar, ir para estes lugares longes, não vou de modo algum”.
Indagado se havia alguém na família que era artista, DET afirma que o avô de seu pai fazia monjolos, carros de boi e inventou até uma máquina de descascar mandioca. Enfim , todos os seus irmãos são artesãos.
Admite que sabe trabalhar a pedra-sabão e a madeira. Mas prefere a cerâmica. “A pedra-sabão quebra à-toa, a madeira dá caruncho, mas o barro é mais eterno”, acredita. A sua primeira peça foi um sanfoneiro em cerâmica. “Agora quero aprender a tocar viola” Com quem? Com Deus, dedilha e pára. E declara “quando não estou criando, capino lotes, cuido de gente abandonada”.
Detimar Eustáquio Vieira é um dos mais conhecidos e prestigiados mestres da arte popular brasileira. Mineiro de Belo Horizonte (1955), exerceu o oficio de pedreiro, mas foi como ceramista que começou a se destacar no cenário da arte popular brasileira partir dos anos 80, confeccionando pequenas imagens sacras de barro cozido. Passados mais de trinta anos, a arte sacra continua sendo o carro-chefe da arte de Det, como é conhecido entre os amigos. Santos, anjos e querubins são exemplos de como o artista pode se encontrar através da cerâmica natural, sempre em estilo Barroco. Dentre as preferidos do artista se destacam: São Francisco, São Miguel e Santana.
A obra do Aleijadinho tem sido uma das principais fontes de inspiração para Detimar. O artista tem se baseado não só nos trabalhos que viu do Aleijadinho, como também nas inúmeras histórias passadas oralmente. Sua série sobre a vida do mestre do barroco mineiro, pertencente ao acervo do Museu de Congonhas-MG, compõe-se de cenas da vida do Aleijadinho. Detimar retratou o mestre trabalhando com ferros nas mãos; sustentando-se, com dificuldades, no lombo de um jumento; esculpindo um profeta bem maior que ele; agonizando no leito de morte, tendo à cabeceira um anjo que encaminha aquela alma sofrida ao paraíso.